O Instagram é democrático, mas não é mídia para outdoors. E é preciso ir além da intuição para manter o engajamento. É um lugar para contar histórias, interromper a atenção atraindo o público. Nada menos que isso. A Netflix coloca estas e outras ideias em prática muito bem. Assim, consegue ser case de sucesso no marketing digital.
Aproximação. É o papel do Instagram para a Netflix. Como a empresa faz isso? Aproveitando a plataforma para chegar perto de sua comunidade; produzindo conteúdo e interações, criando pontes, com base em narrativas próximas às da vida real das pessoas. Sim, não custa lembrar: não são números, são pessoas.
A provedora global de filmes e séries via streaming aposta em um tom de voz único para se conectar com elas. O que permite uma conversa autêntica com os seguidores, percebendo a maneira como eles falam entre si, ouvindo e entendendo suas necessidades.
Isso significa muito trabalho diário de planejamento e produção com viés no relacionamento. O foco, certamente, não é a tecnologia, a mídia digital em si, ainda que use seus recursos com excelência, mas os relacionamentos. E os diálogos conduzidos com muita criatividade, em primeira pessoa (sim, a Netflix fala como gente, e já disse que é menina).
Nas interações, há senso de humor, ironia, deboche, sensibilidade, bom senso, leveza e, quando necessário, até puxão de orelha. Além disso, as postagens incluem memes e vídeos divertidos sobre as reclamações, entre outros formatos. Tudo, é claro, sem deixar de esclarecer e ajudar o consumidor nas mais diversas demandas do atendimento ao cliente.
No perfil @netflixbrasil, você encontra posts como estes:
Em outro exemplo de grande repercussão, este post sobre Bird Box é um dos campeões em número de impressões no Instagram da Netflix Brasil. Ele traz o episódio interativo da série Black Mirror, “Bandersnatch”. Em seu enredo, o espectador escolhe, apenas com um clique no controle remoto ou mouse, a direção que a trama deve tomar.
Enquanto muitas empresas de todos os portes e setores ainda fazem do Instagram uma simples vitrine, a interatividade da Netflix com seus clientes gera cases memoráveis de postagens que ficam famosas em segundos. É o consumer joy, que estimula um boca a boca orgânico e atrai ainda mais pessoas para falar das séries e filmes.
Com isso, só no último trimestre de 2020, o perfil brasileiro da Netflix no Instagram liderou o engajamento entre as marcas, alcançando mais de 37,6 milhões de interações. Segundo pesquisa da Socialbakers, a plataforma de streaming conseguiu mais que o dobro do engajamento da segunda colocada, a Americanas, que teve 10,7 milhões no mesmo período (fonte: site meioemensagem.com.br).
Netflix: segredos da grande interatividade no Instagram
Para uma empresa alcançar bons resultados em mídias como o Instagram, o estrategista Felipe Morais defende a adoção de certas regras. Confira algumas delas, encontradas em seu livro “Planejamento Estratégico Digital”:
1. Lembrar sempre que redes sociais são relacionamentos, que precisam ser construídos a partir de conversas e não acontecem de um dia para o outro.
2. O consumidor fala, mas quer ser ouvido também, isto é, há ida e volta na comunicação.
3. A confiança off-line migra para a internet. Quem fica satisfeito com a marca, posta no Instagram espontaneamente.
4. Respostas rápidas para não perder tempo e negócios! Dez minutos em redes sociais são uma eternidade.
5. Egocentrismo é tiro no pé. Empresas que só falam de si, com o tempo, terminam falando apenas para si.
6. Descobrir e falar o que o público quer ouvir.
A Netflix sabe que as pessoas controlam as redes sociais, não as empresas; que é importante ser mais social e menos mídia. Dessa maneira, aproxima, engaja – gerando aumento da percepção da marca e fidelidade. Suas publicações apaixonam, fortalecem seu nome e investem em seu crescimento de longo prazo.
Como a Netflix consegue ser modelo de engajamento no Instagram? Como você viu, não faltam provas de que ela investe em humanização da marca e no planejamento estratégico de conteúdo. Um exemplo perfeito do que diz Philip Kotler: “Na era digital, em que os consumidores estão cercados de interações de base tecnológica, as marcas que são humanizadas tornam-se mais atraentes. Os consumidores cada vez mais estão buscando marcas centradas no ser humano – marcas cujas personalidades se assemelham às das pessoas e que são capazes de interagir com os clientes como amigos iguais”.
Alguém duvida?